Uma parte relevante dos eleitores e formadores de opinião que acreditaram ou até mesmo divulgaram uma falsa equivalência moral entre as candidaturas de Lula e Bolsonaro percebeu o equívoco cometido. O voto branco ou nulo desse eleitorado de direita ou de centro, em uma eleição tão acirrada, acabou possibilitando a vitória de Lula. Agora, felizmente, parcela expressiva desse eleitorado está consciente da situação em que nos encontramos e certamente acabará por atrair quem ainda não está para engrossar o caldo da oposição a Lula nos próximos meses.
Em terceiro lugar, Jair Bolsonaro demonstrou ao Brasil e ao mundo o tamanho de sua força política. Antes do evento da Paulista, a direita já tinha ido às ruas no Brasil durante esse novo governo Lula, mas sem a presença de Jair Bolsonaro – em uma ocasião, inclusive contra sua expressa vontade. Em todas as oportunidades, também estive presente: manifestação contra o PL da Censura, em Porto Alegre e pouquíssimas outras capitais (01/05/2023); contra a cassação do mandato de Deltan Dallagnol, em Curitiba (21/05/2023); e em solidariedade à família de Cleriston Cunha, o Clezão, o primeiro preso político brasileiro que morreu na cadeia, na Av. Paulista (26/11/2023). A adesão do público foi crescente, mas a explosão popular se deu apenas agora, com a convocação de Jair Bolsonaro para o evento em São Paulo no último domingo.
A condição jurídico-eleitoral de Bolsonaro, investigado e inelegível, é sobretudo uma consequência da situação política do país, dominada pelo agigantamento do STF e de seu braço eleitoral, o TSE. Tanto as investigações em curso contra o ex-presidente como a inelegibilidade que lhe foi imposta são, claramente, frutos de implacável perseguição política em processos eivados de falhas jurídicas e ilegalidades.
É evidente que ninguém pode estar acima da lei, nem Lula nem Bolsonaro. Mas quando investigações são conduzidas de forma ilegal ou são, até mesmo, risíveis, como é o caso do depoimento de Bolsonaro à Polícia Federal sobre importunação de uma baleia Jubarte; e quando punições são aplicadas de maneira injusta e desproporcional, o resultado é a vitimização do investigado e, consequentemente, o crescimento de sua popularidade. Some-se a isso a crescente rejeição já mencionada ao consórcio PT-STF e têm-se como resultado a massa que foi às ruas atender ao chamado de Bolsonaro para defender o que é mais caro para uma nação livre: a correta aplicação das leis e, portanto, a defesa do Estado de Direito e da Constituição.
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A manifestação de domingo inicia um novo capítulo na história política brasileira. Bolsonaro apostou e, talvez, até mesmo arriscou alto ao chamar às ruas o povo no momento de maior fragilidade, quando muitos davam como certa a sua prisão e as ameaças veladas e covardes feitas via imprensa davam conta de que poderia sair preso inclusive do evento, por exemplo, se dissesse “um ai” do Supremo.
Bolsonaro, apesar dos riscos de fracasso de público ou de prisão, acertou: independentemente dos rumos dos processos contra si, Lula, o STF, o Brasil e o mundo viram o tamanho da força daqueles que discordam do que ocorre hoje na política brasileira. Como havia escrito em artigo anterior, repito: é apenas com o povo na rua que as ditaduras são vencidas. E concluo da mesma forma: no Brasil, não será diferente.