A experiência pessoal consiste na capacidade de se realizar no autoconhecimento de si, de seus semelhantes e do mundo. Ter memória e expectativas. Mediar essa experiência com racionalidade e imaginação, construir um sistema de crenças e uma linguagem que se expressa por meio de símbolos.
O homem não se limita ao plano físico e biológico, pois está aberto ao plano moral, político e espiritual. Nesse sentido, só o homem consegue ultraar sua condição natural, representar na sua consciência a totalidade e desejar compreender o ado, o presente e o futuro. Há uma superioridade qualitativa entre seres humanos e animais que não tem nada a ver com evolução biológica.
Não há nada de obscuro nisso. O homem é o único ser que desenvolve a consciência de participar da realidade e, ao mesmo tempo, tem consciência da própria finitude. A vida humana é uma vida em constante busca pelo sentido. Caso não almejássemos o sentido, muito provavelmente estaríamos uivando uns para os outros. No apelo por sentido, não constatamos a existência como um mero fato biológico, mas como um valor a ser irado, preservado, compreendido e vivido com dignidade. E o mais impressionante, somos capazes de atribuir valores a outros animais, que são sempre cegos a valores.
Negar a propriedade de “pessoa” aos cães ou aos bois não significa que esses animais não humanos devam sofrer maus-tratos e ser desprezados como lixo. Só uma mente muito perversa chega a esse tipo estúpido de conclusão. Paradoxalmente, só o ser humano é capaz de perversidade, de praticar o mal e a violência contra si mesmo e contra os outros. Atribuir e exigir respeito aos animais não diminui nossa humanidade. Muito pelo contrário, só nos torna ainda mais humanos.