Para o BIS, há duas áreas principais de foco: coleta e análise de dados. A primeira estaria relacionada ao uso de aplicações de suptechs em relatórios, gerenciamento de dados e assistência virtual. Tecnologias para fins de coleta de dados provavelmente beneficiarão os supervisores. Já em relação à análise de dados, essas soluções podem reduzir a carga de processamento de informações a partir da automação, permitindo que sejam realizadas análises mais novas, complexas e ricas. As aplicações de tecnologia avançada para análise de dados podem transformar potencialmente o monitoramento de risco e conformidade de um processo retroativo em um processo mais preditivo e proativo.

Havia dados para um monitoramento mais preditivo da GameStop e das mobilizações do perfil WSB em torno das ações da empresa desde movimentos iniciais, ainda em 2019, como análises tendo por base a tendência de influenciadores como Elon Musk, ferrenho desafiador do mercado, que postou em seu Twitter um previsível “Gamestonk!” ( trocadilho que faz referência ao nome da empresa e também às expressões “stonk” e “stock”) e um link para o fórum em que usuários discutiam investimentos.

Há, ainda, sofisticações maiores, como o "efeito rede" (a Lei de Metcalfe de 1980, que apontei no livro Governança & Nova Economia), que sugere que “o valor de um sistema de comunicação cresce em razão do quadrado do número de usuários do sistema”.

Então, se as cartas estão na mesa, há maior disponibilidade de dados, tecnologias, efeito rede e, por fim, se as suptechs e regtechs podem fortalecer a supervisão financeira, de compliance e de políticas, por que ainda não o fazem? Arrisco dizer que de modo geral as agências de supervisão e regulação precisam de uma estratégia mais definida sobre essas tecnologias, embora estejam melhor posicionadas para explorar seus potenciais benefícios.

Deve haver uma ousada cooperação, além de discussões muito mais amplas dos países e dessas entidades sobre regulações. Há dois desafios fundamentais nos modelos atuais: o primeiro é que as reguladoras, associações e entidades que orquestram as regras e boas práticas no mundo são hiperlocalizadas. Elas nasceram e cresceram enraizadas nas legislações locais de cada país, o oposto das empresas-estado digitais, na nuvem e globais desde seu nascimento, seja em um Canvas ou em um papel de pão qualquer.

Quem pensa que os líderes mundiais não estão atentos a isso está muito enganado. Na semana ada, no Fórum Digital de Davos, o presidente da China, empenhada em se tornar a primeira economia do mundo, Xi Jinping, defendeu a criação de leis globais para direcionar os rumos do mundo. Disse que “precisamos pensar em regras internacionais em vez de supremacias”. Mais uma polêmica para ficarmos de olho.

O segundo desafio está no fato de que essas agências são entidades do “velho poder”, pouco amigáveis como as empresas digitais e seus românticos e encantadores propósitos massivos ao toque dos dedos.

Por mais que haja bons exemplos de aberturas e os sendo dados em torno da criação, por exemplo, de sandboxes regulatórios (como as ações da Comissão de Valores Mobiliários no Brasil), ainda há incontáveis desafios envolvendo velocidade e engajamento dessas organizações quando comparadas à velocidade e ao poderio dos monopólios digitais.

Não é exagero afirmar que as suptechs e as regtechs vão estar entre as inovações sobre as quais ouviremos mais a respeito nos próximos meses e anos. Casos como o de investidores tradicionais versus comunidade do Reddit e do Facebook versus grupo Robinhood Stock Traders são apenas exemplos recentes de algo que estudamos profundamente em Gonew.co e que agora permeiam nosso cotidiano: as contradições de conectar o mundo! #SpeedAndSomeControl

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