Tribunal de Justiça do Paraná deixou de enviar dados ao CNJ por vencimento de contrato com empresa de informática. | Antônio More / 
Gazeta do PovoTribunal de Justiça do Paraná deixou de enviar dados ao CNJ por vencimento de contrato com empresa de informática. (Foto: Antônio More / Gazeta do Povo)

O relatório Justiça em Números do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado na segunda-feira (17), traz dados que apresentam um panorama da produtividade dos tribunais brasileiros. Mas no caso do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) os dados sobre o segundo grau de jurisdição e informações sobre o tempo médio que as sentenças levam para ser proferidas não foram readas ao CNJ. Por outro lado, o segundo grau do Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), que também contempla o Paraná, apresentou um rendimento de 100%.

Sem os dados necessários para o relatório, índices do TJ-PR como carga de trabalho e produtividade dos magistrados ficaram em branco (veja a lista completa abaixo). Além disso, também não foram informados os tempos médios – índices que começaram a ser divulgados neste ano pelo CNJ – das sentenças nas varas e nos juizados especiais, por exemplo.

O presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Paulo Vasconcelos, explica que houve um problema com o sistema de informática, e o contrato com a empresa que istrava os dados foi encerrado bem na época de enviar as informações para o CNJ. O conselho teria sido notificado sobre a dificuldade.

No relatório, uma nota de rodapé diz o seguinte: “Os dados de 2.º Grau constam como indisponíveis em virtude de impossibilidade momentânea de extração dos dados do sistema JudWin. A extração dos processos constantes nos sistemas PROJUD e PJE representaram apenas uma pequena fatia do total, não condizendo com a realidade, e, portanto, o TJPR decidiu por não considerá-los”.

A diretora técnica do Departamento de Pesquisa Jurídica (DPJ) do CNJ, Gabriela Soares, confirma que o TJ-PR entrou em contato com o Conselho explicando que não conseguiria enviar a íntegra dos dados do segundo grau. Entre mandar dados inconsistentes e não mandar, a istração optou por não mandar. Gabriela diz que a justificativa do tribunal foi a de que parte dos dados eram istrados por uma empresa que teve o contrato encerrado e por isso não seria possível levantar as informações. Ela atribui à crise financeira e aos cortes orçamentários as dificuldades que tribunais têm apresentado em manter contratos.

A representante do Conselho conta que há uma auditoria dos dados que são apresentados e que os presidentes são informados por ofício sobre a inconsistência ou falta de informações. Com relação aos dados sobre tempo médio, Gabriela diz que alguns tribunais tiveram dificuldade em levantá-los por estarem reestruturando seus sistemas. Ela ressalta, entretanto, que houve tempo hábil para que as cortes se organizassem para apresentar esses dados.

Veja também

“Há uma preocupação grande do CNJ [sobre a falta de informações] e o tema vem sendo tratado com prioridade. O Conselho utiliza meios possíveis para cobrança efetiva”, diz Gabriela. Entre as ações para incentivar os tribunais a transmitir os dados está o selo Justiça em Números, que reconhece a eficácia na transmissão de informações para o relatório.

TRF-4

O Tribunal Regional da Quarta Região (TRF-4) atingiu 100% de eficiência no segundo grau de jurisdição de acordo com o Índice de Produtividade Comparada da Justiça (IPC-Jus), que, segundo o CNJ, é “um indicador criado pelo Conselho Nacional de Justiça que resume os dados recebidos pelo Sistema de Estatística do Poder Judiciário (SIESPJ) em uma única medida, de modo a refletir a produtividade e a eficiência relativa dos tribunais”.

Gabriela Soares explica que a metodologia é semelhante à utilizada para avaliação industrial. “É uma forma de medir produtividade considerando o porte individual de tribunal. Não se pode exigir que um tribunal menor baixe a mesma coisa do que os que têm muitos processos e uma estrutura maior.”

O presidente do TRF-4, Luiz Fernando Penteado, atribui o bom resultado no 2.º grau à qualificação do pessoal – tanto magistrados, quanto servidores – e aos bons meios materiais, principalmente o processo eletrônico (e-Proc).

Por outro lado, o IPC-Jus geral da 4.ª Região – que considera primeiro e segundo grau – foi de 75%. Com esse resultado, o TRF-4 ficou em terceiro lugar entre os cinco federais do país. Penteado considera que, devido ao fato de ter “acentuada interiorização e quadro completo de pessoal, que geram alta onerosidade”, o índice de expectativa por resultados do tribunal acaba ficando alto.

O presidente do TRF-4 também destaca outros fatores que seriam contingenciais, como o fato de que no último ano houve um aumento de processos da área previdenciária, o que acaba por demandar mais a corte. “A expectativa de mudança no regime previdenciário e a greve do INSS pode ter levado ao aumento de processos nessa área”, diz Penteado. Outro ponto foi a greve de servidores da própria Justiça Federal.

Paraná

No IPC-Jus do primeiro grau, o Paraná apresenta o pior índice entre os três estados da 4.ª Região, com 63%. Esse rendimento foi justificado pelo presidente do TRF pelo alto índice de ações penais que tramitam no estado. O peso não seriam as ações da Lava Jato, mas as que são ajuizadas devido aos crimes na região de fronteira.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros