Ele completa dizendo, ainda, que “não é culpa da Taurus que outros fabricantes de armas não tenham vindo se instalar no Brasil”. “A Taurus não tem qualquer objeção a isso, desde que se sujeitem aos mesmos requisitos, exigências e controles que a Taurus. A verdadeira economia de mercado é aquela que se faz sob igualdade de condições. E é isto que pretendemos.”
O presidente reforça que a Taurus não é contra a concorrência, tanto que ela exporta para mais de cem países. “Não temos nenhuma dificuldade de concorrer no mundo competitivo do setor. Pelo contrário.” Mas ressalta que a concorrência tem que se dar em igualdade de condições.
Ainda na carta enviada à Gazeta do Povo, Salesio Nuhs diz que não existe monopólio da Taurus e que os procedimentos existentes de controle de importações não têm impedido a compra de armas estrangeiras.
Ele ainda critica o fato de a legislação permitir que entidades públicas adquiram armas importadas “sem imposto algum.” “Ao o que o produto nacional paga uma carga elevadíssima. Quando a Taurus vende uma arma, além de arcar com os custos da burocracia interna, ela paga impostos (IPI, ICMS, PIS e COFINS) que representam até 73% do preço.”
A Gazeta do Povo mostrou que a Taurus tem uma espécie de “monopólio virtual”. Segundo dados do Exército fornecidos à reportagem, somente quatro empresas nacionais fabricam armas e/ou munições no Brasil: Forjas Taurus, Imbel, E.R. Amantino Indústria Metalúrgica e Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), que é a controladora da Taurus.
A Taurus acaba dominando o mercado de fabricação de armas aqui porque a estatal Imbel possui um portfólio reduzido e, em alguns casos, defasado. Já a E. R. Armantino produz apenas armas esportivas. E a CBC só fabrica munições, além de controlar a própria Taurus. Por isso, fala-se em um “monopólio virtual” da Taurus na fabricação de armas.
Além disso, por muito tempo, a Taurus foi a única fornecedora de armas para o poder público, já que ela é classificada pelo Ministério da Defesa como Empresa Estratégica de Defesa (EED). A legislação dizia que as importações só seriam autorizadas se não houvesse produto similar brasileiro ou caso se provasse a urgência em importar o produto. A legislação autorizava ainda o poder público a realizar licitação exclusiva para EED quando se tratava de comprar produto estratégico de defesa.
O “monopólio” só começou a ser quebrado quando as armas da companhia começaram a apresentar problemas, e algumas polícias conseguiram autorização do governo para importar armamentos. Um segundo o para a quebra do monopólio aconteceu em junho do ano ado, quando Bolsonaro assinou um decreto autorizando a importação de produtos de defesa.