O desafio maior para o cenário de 2024 continua sendo para a esquerda e a centro-esquerda. Esse fato estaria espelhado na atual composição do Congresso, que confirmou o enfraquecimento desse espectro, desafiando Lula a converter a sua influência nacional em mais apoio local. O PT enfrenta dificuldades nas eleições proporcionais e majoritárias locais, tendo sido superado por PSB, PDT e até mesmo PSDB. Nesse sentido, a execução das emendas parlamentares também mostra predominância da direita. 5t2s38

O líder petista José Dirceu expressou preocupação com a falta de mobilização popular da esquerda diante da ascensão de partidos como PL, PP, Republicanos, União Brasil e PSD. A polarização exacerbada, por sua vez, favorece a oposição, pois o governo é forçado a ampliar seu leque de apoio, mas não consegue caminhar para o centro. A diminuição da aprovação de Lula tem gerado debates internos no PT sobre a melhor estratégia para enfrentar a onda conservadora. Contudo, o discurso polarizado do presidente da República só prejudicou essa abordagem estratégica.

Por outro lado, a reunião da Executiva Nacional do União Brasil - sigla que flutua entre o campo da direita e o Centrão -, no fim de fevereiro, resultou não só na saída do presidente Luciano Bivar, mas também serviu como pré-lançamento informal da candidatura de Ronaldo Caiado, governador de Goiás, à Presidência em 2026.

Já o PP, sob a liderança do senador Ciro Nogueira (PI), está articulando federação partidária com o União Brasil, possivelmente incluindo o Republicanos, visando formar a maior coalizão política do país e importante palanque nacional.

Pesquisas confirmam tendência de polarização inédita do eleitorado 2hu1v

À medida que as eleições de 2024 se aproximam, pesquisa do Ipec* de março apontou sinais sobre o panorama político e as expectativas do eleitorado. A avaliação dos prefeitos apresentou melhora significativa em comparação com 2020, de 32% para 38%, embora parcela considerável da população anseie por mudanças na istração municipal. O desejo por renovação é evidente entre os moradores da região Sudeste, das capitais e dos municípios mais populosos. A pesquisa revelou inclinação mais à direita (41%) da população, com busca crescente por candidatos não ligados diretamente a Lula ou Bolsonaro, manifestada por 47% do total.

Uma nova pesquisa conduzida pela Atlas Intel**, divulgada em 8 de março, reforça a percepção de uma intensa polarização no cenário político das eleições municipais. Cerca de 39,1% dos eleitores manifestaram preferência por candidatos alinhados a Bolsonaro, enquanto 37,8% optaram por aqueles vinculados a Lula. Esses números não apenas evidenciam a influência dos dois, mas também destacam o papel crucial do alinhamento político na tomada de decisão dos eleitores, mesmo em disputas historicamente mais pragmáticas.

Entre os eleitores favoráveis a Bolsonaro, 76% consideram o alinhamento político como um fator fundamental na escolha do prefeito, com 39,7% afirmando que não votariam em candidatos não aliados ao ex-presidente. Em contraste, os apoiadores de Lula mostraram uma atitude diferente, com 44,3% indicando disposição para votar em outros candidatos, desde que não estejam alinhados a Bolsonaro. A pesquisa destaca ainda que só 23% dos eleitores não têm preferência por aliança política com Lula ou Bolsonaro, enquanto 40% estão abertos a votar em nomes não alinhados.

PL e PT poderão ter duelo direto pelo comando de 16 capitais 1p4x3

A recente "janela partidária", encerrada em 5 de abril, destacou a polarização entre Lula e Bolsonaro, refletida em seus respectivos partidos, com confrontos previstos em pelo menos 12 capitais nas eleições de 2024. Enquanto o PSD e o MDB fortaleceram suas posições ao atrair pré-candidatos em diversas capitais, o PSDB enfrentou um revés significativo, perdendo todos os seus oito vereadores em São Paulo e ficando sem representação em outras 11 capitais, evidenciando desafios cruciais para a legenda em meio ao novo cenário partidário nacional.

O embate entre o PT e o PL se intensifica em Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Manaus, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, João Pessoa, Maceió, Aracaju, Florianópolis e Vitória.

Com o objetivo ambicioso de eleger aproximadamente mil prefeitos em todo o país, o PL lançou pré-candidatos em 19 das 26 capitais, atraindo novas adesões em cidades como Florianópolis, Rio Branco, Campo Grande e Aracaju. Destaca-se a chegada do prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, ao PL, e a filiação do ex-deputado estadual Bruno Souza em Florianópolis.

Enquanto isso, o PT busca consolidar sua presença em 16 capitais, excluindo grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife, onde apoiará respectivamente Guilherme Boulos (PSol), Eduardo Paes (PSD), Geraldo Júnior (MDB) e João Campos (PSB).

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Metodologia m2c15

*O Ipec realizou 2000 entrevistas em 130 municípios para a pesquisa entre 01 a 05 de março de 2024. A margem de erro máxima estimada é de dois pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. O nível de confiança utilizado é de 95%.

**A pesquisa Atlas Intel ouviu 2.122 pessoas, entre 04 e 07 de março de 2024. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança da margem de erro é de 95%.