O número de pessoas ocupadas, no entanto, subiu neste mesmo intervalo de um ano: são 772 mil brasileiros a mais que no período de março a maio de 2020. Isso ocorreu devido a uma substituição: os empregos com carteira assinada deram lugar ao trabalho por conta própria, que subiu em 1,96 milhão de pessoas em 12 meses, enquanto aqueles tiveram queda de 1,3 milhão – aqui, é preciso lembrar que, mesmo quando se avalia apenas o mercado de trabalho formal, Pnad e Caged têm metodologias diferentes, o que explica os dados discrepantes. Também o trabalho assalariado informal, sem carteira assinada, teve crescimento nos primeiros 12 meses de pandemia: agora, há 586 mil brasileiros a mais nesta condição, em comparação com o período de março a maio de 2020.
No total, somando os desempregados, os subocupados (que trabalham menos do que poderiam) e a força de trabalho potencial – pessoas que poderiam trabalhar, mas não trabalham, incluídos aí 5,7 milhões de desalentados, que já nem procuram mais um emprego –, o Brasil tem 33 milhões de trabalhadores ditos “subutilizados”, pessoas para quem faltam oportunidades. Por mais que se saiba que, em um cenário de recuperação da atividade econômica, a última variável a subir é o emprego, isso pouco serve de consolo imediato para essas dezenas de milhões de brasileiros que precisam sustentar a si mesmos e suas famílias.
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Mesmo a perspectiva de crescimento acima de 5% em 2021 não é garantia automática de redução drástica no desemprego, pois o avanço do PIB se dá de forma desigual entre os setores da economia. No primeiro trimestre deste ano, quando o PIB subiu 1,2% na comparação com o último trimestre de 2020, indústria e serviços tiveram desempenho mais fraco, de 0,7% e 0,4% respectivamente – e são estes os principais empregadores do país. A maior esperança está no avanço da vacinação, que permitirá a retomada da atividade econômica sem as restrições que vêm sendo impostas desde a chegada da Covid-19 ao Brasil. Há otimismo no setor de serviços, o mais afetado pelo coronavírus – o índice de confiança medido pela FGV já supera os números de antes da pandemia. Mas, para transformar a expectativa em realidade, é imprescindível superar de vez a doença.