Os dois campos rivais ignoraram o apelo, porém, e os serviços de emergência confirmaram que não conseguiram entrar na zona dos combates, ao sul de Trípoli, em particular em Wadi Rabi e no perímetro do aeroporto internacional.
O número de mortos no conflito nos arredores da cidade subiu para 54 --19 do lado dos rebeldes e 35 do lado do governo provisório (incluindo militares e civis).
Não há informação de vítimas no ataque ao aeroporto, o único que ainda estava em funcionamento na região da capital
Neste domingo, autoridades militares dos EUA disseram que as forças americanas deixarão a Líbia.
O processo político de transição iniciado depois da queda de Kadafi, em 2011, foi abandonado em 2014, na época em que Haftar declarou sua intenção de tomar o poder. Quando o país se esfacelou em uma guerra civil, as Nações Unidas, com o apoio dos Estados Unidos e de outros governos ocidentais, tentaram resolver o conflito criando um governo de união sediado em Trípoli.
Sem Forças Armadas, o governo de Trípoli dependia para sua segurança de um conjunto desunido de milícias locais. Mas o governo paralelo de Haftar criou certa estabilidade. Surgiu então um equilíbrio entre o governo de Trípoli, no oeste, e o do general, no leste. O Banco Central de Trípoli continua a pagar os salários dos servidores públicos na região controlada por Haftar, o que inclui seus soldados, e Haftar permitiu que o governo de Trípoli vendesse petróleo embarcado em portos que ele controla.
Esse equilíbrio se desfez dois meses atrás quando as forças de Haftar avançaram para o deserto no sul do país e tomaram o controle de um dos maiores campos de petróleo da Líbia, Sharara. Muitos analistas previram que era só questão de tempo para que ele avançasse contra a capital.
Segundo testemunhas, o Exército Nacional Líbio (a milícia de Haftar) chegou a ficar a apenas 11 quilômetros do centro de Trípoli, mas as tropas governistas conseguiram afastar os rebeldes para uma posição mais distante.
"Para Haftar, é tudo ou nada", disse ao New York Times Wolfram Lacher, que pesquisa sobre a Líbia no Instituto de Assuntos Internacionais e de Segurança, na Alemanha. "Ele busca tomar o poder e, se fracassar, será uma derrota devastadora."
Para analistas, o avanço é uma tentativa de Haftar de fechar acordos com organizações armadas locais na área de Trípoli, como fez com sucesso em outras regiões.
Até agora, seu avanço teve o efeito contrário: causou a união de milícias rivais na região de Trípoli, para frear o avanço dele. Líderes de milícias da cidade de Misrata, os mais poderosos rivais de Haftar, disseram estar mobilizando suas forças para avançar na direção de Trípoli e detê-lo.
A ofensiva de Haftar pôs fim aos planos para negociações de paz que seriam conduzidas neste mês entre as facções rivais líbias. António Guterres, o secretário-geral da ONU, chegou a Trípoli para isso na quarta-feira. "Não existe solução militar. Só o diálogo entre os líbios poderá resolver os problemas", disse ele. EUA, Reino Unido, França, Itália e Emirados Árabes Unidos apelaram a "todas as partes que reduzam as tensões". O chanceler russo, Serguei Lavrov, pediu um "diálogo inclusivo". (Com agências internacionais).
2011 - Derrubada do ditador Muammar Kadafi em meio à Primavera Árabe
2014 - Guerra civil divide país; general Haftar faz tentativa frustrada de golpe militar
2015 - Acordo nacional com apoio da ONU instaura o GNA como governo provisório em Trípoli
2017 - Haftar toma a cidade de Benghazi e consolida domínio sobre o leste da Líbia
2019 Fevereiro - Milícia de Haftar avança sobre deserto ao sul do país e domina campo de petróleo El Sharara
2019 Abril - Rebeldes avançam contra a capital, Trípoli