Portanto, quando ele atacou pedestres numa rua do sul de Londres com uma faca, ferindo duas pessoas, uma delas gravemente, dois dias depois de ganhar a liberdade, a polícia estava de prontidão para matá-lo antes que ele causasse mais estragos. 1c1w64
Com uma mira certeira, a imprensa fez a pergunta errada: “O terrorista era conhecido”, disse o Guardian. “Como ele pôde ter sido solto?” Essa pergunta, claro, culpa implicitamente a polícia por não ter feito o inerentemente impossível – já que nenhum nível de vigilância que não a prisão ou o acompanhamento constante seria capaz de proteger totalmente o cidadão de um homem determinado a empunhar uma faca.
A pergunta equivocada pretende, em resumo, impedir que se perceba o absurdo do sistema de justiça criminal do Reino Unido depois de décadas servindo aos interesses dos progressistas penais. Porque a forma de se lidar com Amman foi diferente da usada no caso de todos os criminosos reincidentes ou violentos. E, por pior que a violência do terrorismo seja, o cidadão britânico tem muito mais chance de ser vítima de um crime violento comum do que de terrorismo.
Assim, o anúncio feito pelo primeiro-ministro Boris Johnson de que as leis quanto à condenação de terroristas serão endurecidas, embora acertado em si, merece ser recebido com um entusiasmo contido. Apesar de ser a medida certa, ela não basta. Na verdade, ao se ater ao que continua sendo um problema incomum e ignorar um problema mais rotineiro, a medida talvez seja um desserviço.
Mas será difícil aplicar o bom senso à justiça criminal do Reino Unido, porque nela o sentimentalismo já contaminou as mentes da intelligentsia e da elite em geral. O pai do último homem assassinado por um terrorista recentemente solto da prisão – o que aconteceu há poucas semanas – disse que ele esperava que a morte do filho não fosse usada como argumento para se aplicar sentenças mais duras contra terroristas. É para rir ou para chorar?
Theodore Dalrymple é editor colaborador do City Journal, ocupa a cadeira Dietrich Weismann no Instituto Manhattan e é autor de vários livros.
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