Outro grupo de médicos que questiona afirmações da Organização das Nações Unidas sobre a pandemia, o Médicos pela Vida, buscou outra estratégia: publicou um manifesto com material publicitário na edição impressa de 11 jornais brasileiros. O conteúdo cita evidências científicas e clínicas para defender o uso de um coquetel de remédios para evitar que pacientes progridam para fases mais graves da doença. Material que, nas redes sociais, é barrado.

Twitter

As reclamações dos médicos se torna mais contundente se confrontadas com as respostas dadas pelas redes sociais, que não informam se empregam médicos, epidemiologistas ou outros especialistas da área para determinar o que pode ser publicado. Procurado pela Gazeta do Povo, o Twitter afirmou, por meio de uma nota, que possui “regras para abordar informações enganosas e questionáveis sobre Covid-19. O foco está em conteúdos com mais potencial de causar danos offline, expondo as pessoas a riscos de contrair ou transmitir o vírus.”

De acordo com a nota, o Twitter trabalha “com cinco grandes categorias desinformativas. A empresa toma medidas de acordo com essas regras, que estão em constante evolução na medida em que as conversas sobre a pandemia se desenvolvem e modificam na plataforma”.

As punições incluem a exclusão do tweet, o bloqueio da conta por 12 horas ou sete dias e por fim, a suspensão permanente, após cinco transgressões.

YouTube

Procurado, o YouTube informou que “não permite vídeos que promovam desinformação sobre o coronavírus conforme detalhado em nossa política sobre informações médicas incorretas relacionadas à Covid-19”. E informa: “Desde o início da pandemia, já removemos mais de 1,3 milhão de vídeos por violarem essas regras, que já aram por mais de 10 atualizações para se manterem alinhadas às orientações atuais das autoridades de saúde globais sobre a doença”.

Facebook

Já o Facebook argumenta, em sua página, que atualiza as regras para a publicação de conteúdo constantemente. E informa em seu site que, apenas no mês de abril, aproximadamente 50 milhões de conteúdos relativos sobre a Covid-19 receberam notificações com base no trabalho de mais de 60 organizações de checagem, em mais de 50 idiomas.

Em comum, Twitter, Facebook e YouTube não desfazem a dúvida de muitos médicos: existem especialistas em saúde entre os checadores das redes sociais? A questão permanece em aberto.

Quem checa os checadores

Em maio deste ano, um relatório produzido por políticos republicanos do Comitê de Inteligência do Congresso americano questiona a ação desses checadores – especificamente aqueles que bloquearam a divulgação de um artigo de fevereiro de 2020, publicado no jornal New York Post, que debatia a possibilidade de que o vírus tivesse origem em laboratório.

“Os checadores do gigante da mídia social decidiram que esta não era uma opinião válida”, contestou o veículo, à época. “Se você tentasse compartilhar a coluna com seus amigos, seu post receberia um alerta e seus amigos não conseguiriam ar o artigo original para tirar suas próprias conclusões”. O editorial conclui: “Quando sua defesa contra ‘fake news’ mata o livre debate, o sistema é pior do que nenhuma defesa”.

A médica Simone Gold, fundadora do grupo America's Frontline Doctors, também já questionou a falta de debates amplos a respeito de uma doença nova, sobre a qual as informações se acumulam e se sobrepõem, muitas vezes de forma contraditória. “A censura viola direitos”, afirmou à agência Bloomberg o advogado da especialista.

David Relman, microbiólogo da Universidade Stanford e um dos 18 cientistas que assinou a carta solicitando investigações mais aprofundadas a respeito da possível origem de laboratório do novo coronavírus, é outro crítico da censura em casos como este. Em entrevista ao jornal Washington Post, ele declarou que barrar questionamentos sobre o tema foi um erro: “No esforço de manter as coisas limpas, eles jogaram fora o bebê junto com a água do banho”.

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