O assassinato legal de uma pessoa deprimida é o resultado de certas premissas ideológico-culturais. 531n1p
A primeira: a ideia de que a qualidade de vida prevalece sobre a dignidade da pessoa. Se a primeira pode se deteriorar, a segunda conserva sempre sua preciosidade, além das patologias, da enfermidade e do sofrimento.
A segunda premissa: a ideia de que a liberdade pessoal é a referência última nas escolhas morais. Uma ideia que, nesse caso, mostra toda a sua vacuidade: quão livre é uma pessoa deprimida com traços autistas e transtorno de personalidade limítrofe? Quem escolheu, Zoraya ou sua depressão? Sob a tortura da dor e do sofrimento de viver, a pessoa não é livre.
Terceira premissa: a ladeira abaixo. Theo Boer, professor de ética em saúde na Universidade Teológica Protestante de Groningen, foi membro de um comitê de revisão da eutanásia na Holanda por uma década. “Durante esses anos”, disse ele, “vi a prática holandesa da eutanásia evoluir da morte como último recurso para a morte como opção padrão”. Por fim, ele deixou o cargo. A morte deixa de ser um mal a ser evitado, exceto em casos excepcionais. A exceção, como se diz, torna-se a regra e, portanto, permanecer vivo ou dar-se a morte são ambas escolhas boas.
Rezemos para que a árvore invertida tatuada no braço de Zoraya todavia possa, nem que no último momento, florescer novamente.
Tommaso Scandroglio é escritor e professor na Università Europea di Roma, bacharel em jurisprudência na Università degli Studi di Milano-Bicocca.