Uma pesquisa realizada pelo Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Henrique Ribeiro Carvalho determinou a elasticidade dos gastos com transporte urbano e a aquisição de veículos privados. No estudo, ele conclui que há um padrão de gastos dos brasileiros em relação ao transporte público e ao individual, conforme análise das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Recife e Belém.
“Observa-se claramente um padrão de forte crescimento de gastos das famílias com o uso e a aquisição de veículos privados à medida que a renda aumenta. Isto indica um padrão de gasto bastante elástico, ao mesmo tempo que os gastos com transporte coletivo são decrescentes a partir de um determinado ponto”, analisa Carvalho. A partir do momento em que a renda per capita atinge aproximadamente R$ 900, os gastos com o veículo privado já superam o do transporte coletivo.
O pesquisador menciona que os brasileiros são mais propensos a comprometer sua renda com a aquisição e uso do transporte privado. “Pode-se verificar que somente as famílias de mais baixa renda aumentam seus gastos com transporte coletivo quando há elevação de seus rendimentos, já que, nas famílias de maior poder aquisitivo, a elasticidade-renda dos gastos per capita com transporte coletivo a a ser negativa, indicando uma fuga por parte destas pessoas da modalidade de transporte público”, avalia.
Diluição do pico
Se os ônibus rodam vazios no intervalo dos picos, eles estão sobrecarregados nos horários de maior demanda – a NTU indica que o principal uso para o transporte é o deslocamento para o trabalho. A possibilidade de flexibilizar o valor da agem seria uma maneira de reduzir o problema, na avaliação de Scarpin.
“Hoje, as empresas funcionam nos mesmos horários, gerando o pico de uso. Se o empresário, responsável por arcar com o vale-transporte, tiver a possibilidade de reduzir esse custo com os horários diferenciados, ele o fará, criando demandas em horários diferentes, porque muitas companhias podem se adaptar a uma nova rotina”, explica.
Os benefícios, de acordo com o professor da UFPR, seriam sentidos em inúmeras áreas: menos poluição, menos trânsito nas ruas nos horários de maior movimento e maior competitividade para o transporte público. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou outro ponto a ser considerado: o aumento das viagens a lazer. Esse tipo de deslocamento é mais sensível ao valor do que o deslocamento para o trabalho – por questão de necessidade. Com menor custo, aumenta-se a atratividade.
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