Como as escolas podem ajudar

As recomendações levam em conta a importância, para os autistas, da preparação antes de uma atividade, uma vez que isso permite que a informação seja processada de acordo com o ritmo de cada indivíduo. A preparação dá às crianças tempo para entender o que se espera delas, o que reduz a ansiedade, proporciona segurança e aumenta a receptividade à aprendizagem.

1. Ofereça locais para pausa

Aproveite ao máximo cantos ou espaços abertos. Esvazie quaisquer espaços pequenos, como nichos embaixo de escadas ou em uma área externa, proporcionando uma oportunidade para o aluno recuar, recalibrar e processar as informações. Às vezes, basta remover a porta de um armário ou armar uma tenda de acampamento. Isto é particularmente importante quando a atividade requer a transição de um edifício para outro – quando a diferença entre os ambientes é significativa.

2. Várias entradas podem ajudar

A entrada principal de uma escola pode ser muito movimentada, por isso é importante oferecer uma entrada lateral alternativa, mais calma. As escolas também podem ajudar estabelecendo um percurso mais longo e lento do pátio às salas de aula, bem como um percurso curto e rápido – mais uma vez, proporcionando alternativas e tempo para processar informações.

Da mesma forma, elas podem suavizar a transição de um espaço interno para um externo. Uma área externa com cobertura, por exemplo, pode criar um espaço de aprendizagem ao ar livre, ideal para ajudar a minimizar a ansiedade produzida por uma mudança sensorial súbita.

3. Janelas podem oferecer segurança

Algumas crianças têm ansiedade, apresentam comportamentos ritualísticos e podem querer voltar ao espaço que acabaram de ocupar para se sentirem seguras. Se houver aberturas estrategicamente localizadas, elas não precisam voltar fisicamente para esse espaço no intuito de se tranquilizar; basta que possam olhar para lá de uma curta distância. Isso permite mais tempo para a aprendizagem em sala de aula.

4. Junte os pontos

As escolas também devem procurar oferecer atividades que imitem as tarefas da vida real, pois isso ajudará as crianças autistas a enxergar padrões e conexões. Uma simples loja de mentirinha, por exemplo, tanto dentro como fora da sala de aula, no pátio, ajudaria as crianças a aprender a generalizar a habilidade de trocar pagamento por mercadorias em diferentes ambientes.

Uma experiência mais rica de aprendizagem

Os chamados “espaços de degustação” também são uma ótima ideia, uma vez que oferecem às crianças um conhecimento prévio de uma atividade. Exemplos disso são tocar uma parede de sons antes de tocar um instrumento, brincar com um canal de água antes de entrar em uma piscina, etc.

Todas essas ideias mostram a necessidade de um ambiente receptivo e controlado para conseguir o aprendizado de crianças e jovens autistas. Vale lembrar que duas pessoas autistas não terão a mesma experiência em um mesmo ambiente, então não existe uma abordagem ou solução única para questões sensoriais. Contudo, pequenos ajustes feitos caso a caso (como os exemplos descritos acima) podem fazer uma diferença fundamental e realmente ajudar a melhorar a aprendizagem e a qualidade de vida dessas crianças e suas famílias.

© 2019 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

Tradução: Ana Peregrino.

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